Antonia Nery Vanti -  Poeta Vyrena

Lembranças são janelas do passado, que se abrem para o presente.

Textos


AMOR... DOR E SUPERAÇÃO
 
Capítulo I            
Lenita já nasceu linda... Um bebê que a todos encantava. Parecia estar sempre sorrindo. Poucas vezes seu choro ecoou pela casa.
Cresceu assim... Uma menina feliz, e muito mimada pelos pais. Era filha única de pais ricos e humanitários.  Talvez, por isso ela gostava tanto de ajudar a quem precisava. Era amiga de todos os colegas de escola, não importando a classe social de cada um.
Dedicada aos estudos, nunca deu preocupação aos pais, Seu Luiz e dona Isabel.
Teve alguns namoricos, mas nada sério. Queria antes estar formada, para então pensar algo mais sério.
Com vinte e dois anos formou-se em arquitetura... O mesmo ramo do pai. Começaram a trabalhar juntos.
Mas nada é perfeito para sempre. Numa tarde, receberam um telefonema aflito da empregada Eulália.
-- D. Isabel passou mal, desmaiou e está no hospital...
--Vão direto para lá... (e deu o nome do Hospital)
Lenita e o pai, angustiados, dirigiram-se ao hospital e foram recebidos, pelo médico, um jovem de bela aparência.
-- Sou o Dr. Gustavo. Estou com a paciente a senhora Isabel, que não está nada bem, necessita de uma cirurgia urgente. Fizemos os exames e ela está com um tumor no intestino, pode ser ou não maligno... Isso só iremos saber, com a cirurgia e a biopsia.
-- Com licença, ela já este sendo preparada. Vou para a sala de cirurgia... A qualquer momento darei notícias a vocês.  Não se preocupem, vai dar tudo certo.
Após umas três horas, que para Lenita e seu Luiz, pareceu uma eternidade, surgiu Dr. Gustavo, ainda de avental, com máscara e luvas. Tirou a máscara, sorriu e disse:
Podem ficar tranquilos, o tumor era benigno, foi retirado, dona Isabel está bem e fora de perigo... Em poucos dias estará em casa.
Enquanto falava, não tirava os olhos de Lenita, que correspondia ao olhar.
 
Capitulo II
 
Em uma semana, dona Isabel teve alta. Durante o tempo em que esteve internada, Lenita e seu pai se revezavam nas visitas. E a cada visita de Lenita o Dr. Gustavo aparecia... E não tirava os olhos de cima dela.
E assim aconteceu... Estavam apaixonados. O primeiro amor de Lenita e também de Gustavo.
Gustavo ia todas as noites à casa de Lenita, com a desculpa de examinar dona Isabel, mas todos já sabiam o motivo das visitas...  Ver Lenita. Estava claro.
Uma noite, ao sair, Gustavo foi acompanhado por Lenita até a porta.
Ele segurou sua mão e disse:
__ Você já deve ter desconfiado do motivo de minhas visitas diárias. Nada a ver com sua mãe, que graças a Deus está curada. O motivo é você Lenita, por quem estou apaixonado e acho que sou correspondido... Ou estarei enganado?
Lenita, corada, respondeu:
-- Com certeza, Gustavo, eu o amo apaixonadamente, desde a primeira vez que o vi.
--Precisamos contar a seus pais, minha querida... Amanhã estarei aqui e falaremos com eles... Não vejo a hora de me casar com você e ficarmos sempre juntos.
Abraçaram-se e beijaram-se, ante de Gustavo partir.
Lenita voltou cantarolando para a sala...
-- O que houve filha? Viu passarinho verde?
--Nada, mãe... Estou feliz porque você está bem.
Ela queria fazer uma surpresa para os pais.
 
Capítulo III
No dia seguinte, conforme prometeu, Gustavo chegou à noitinha e foi encaminha à sala de visitas por Eulália.
--Boa noite, senhor Luiz... Senhora Isabel? Tudo bem por aqui?
--Graças ao senhor, Dr. Gustavo.
-- Desculpem... Mas, Lenita, se encontra?
-- Sim... Ela já vai descer, íamos jantar o senhor será nosso convidado.
-- Aceito, com muito prazer, pois preciso falar com os senhores, um assunto muito importante. Aliás, eu e Lenita.
-- Veja a Lenita aí! Sobre o que seria esse assunto tão sério?
-- Fale você Lenita, por favor, querida.
-- O que queremos dizer a vocês é o seguinte: Estamos apaixonados e resolvemos nos casar o mais breve possível, com sua permissão, é claro.
--Mas já? Recém se conheceram!
Para o amor não existe tempo... Desde a primeira vez que nos vimos, já sabíamos que esse seria nosso destino, não é mesmo, amor?
--Sim... Foi amor à primeira vista.
--Vocês são maiores, podem fazer o que acham melhor para suas vidas.
Então está decidido, disse Gustavo. Vamos preparar tudo para nos casarmos daqui a três meses... É quando estarei de férias. ----Concorda Lenita?
--O quanto antes, melhor, querido. A vida é curta e precisamos aproveitar todo o tempo que temos.
 
Capítulo IV
O casamento foi realizado no prazo previsto... Com uma linda festa e muitos convidados.
Antes de acabar a festa, os noivos já estavam partindo para a lua de mel, que seria na Itália, enquanto durassem as férias de Gustavo, que seriam de dois meses... Um mês, presente de casamento do chefe do hospital.
Dois meses depois regressaram, foram direto à casa dos pais de Lenita, pois a casa onde iriam morar ainda não estava bem pronta para recebê-los.
Abraçaram seu Luiz e dona Isabel e, Lenita, numa alegria sem igual, foi logo dizendo:
--Surpresa!!!
--Estou grávida... Vocês serão os avós mais queridos do mundo!
Todos se abraçaram felizes com a notícia.
 
Capítulo V
 
E assim, foram-se passando os meses... Lenita e Gustavo mudaram-se para a nova casa e viviam como dois pombinhos.
Lenita parou de trabalhar, para cuidar dos preparativos do enxoval do bebê, no que era guiada por Dona Isabel. E também para repousar, pois seu ventre estava ficando enorme e pesado.
-- Mamãe, amanhã irei ao hospital, fazer um ultra son. Quer ir comigo? Gustavo estará lá a minha espera.
--Com certeza, querida. Quero ouvir o coraçãozinho de meu neto bater.
No dia seguinte foram ao hospital. Gustavo as aguardava ansioso. Dirigiram-se à sala de exames, onde a médica já estava à espera de Lenita.
--Estão vendo, perguntou a médica enquanto fazia o exame. – Ali está seu bebezinho... Espere! Seu bebezinho não, serão dois. Vejam...
--Parabéns Lenita e Gustavo, irão ser pais duas vezes.
--Dá para ver o sexo, doutora?
--Dá sim. Um casal... Vocês serão pais de um menino e uma menina
Lenita, Gustavo e dona Isabel se abraçaram e choraram juntos, de tanta alegria.
-- Dois!... Não consigo acreditar, dizia Lenita, no carro , para sua mãe, quando iam para casa.
 
Capítulo VI
 
O tempo passou e, quando faltava um mês, para o parto, Gustavo precisou ir a um congresso em outro Estado. Ficaria fora, por mais ou menos dez dias mas voltaria com tempo de sobra, para assistir ao parto.
Dona Isabel a levou para sua casa. Não queria que ela ficasse só na ausência de Gustavo.
Lenita, feliz, aguardava a volta do marido e a chegada de seus bebês.
-- Hoje à noite, Gustavo estará de volta e logo, logo estarei com meus filhos nos braços... Existirá alguém mais feliz que eu?
Nesse instante, em meio a sua felicidade, o telefone tocou. Eulália, a empregada atendeu.
--É da polícia, dona Lenita, querem falar com a dona da casa.
--Passa para o quarto de mamãe.
Não demorou muito dona Isabel, apareceu, muito nervosa e com lágrimas nos olhos, dirigiu-se a Lenita.
--Minha filha, tenho que lhe contar algo muito sério... Fique calma e me ouça.
--O Gustavo sofreu um acidente de carro e está no hospital. Ainda não se sabe a gravidade do caso.
Vamos para lá. Vou avisar o Luiz.
Lenita ficou branca como papel e começou a chorar desesperada. E assim foi até o hospital. Dona Isabel, não sabia o que fazer, para acalmá-la.
Quando chegaram lá, seu Luiz já tinha chegado e foi encontrá-las.
--Pelo amor de Deus, papai, me diz que ele está bem... Por favor, papai!
--Minha filha, esse é um momento em que precisamos ter calma e orar. Ele está na sala de exames... Vamos aguardar os médicos.
 
Capítulo VII
Aguardaram por várias horas e nada de notícias... Seu Luiz e dona Isabel andavam de lá pata cá de tão nervosos que estavam. Lenita permanecia recostada numa poltrona, chorando sem parar.
Filinha, acalme-se, pense nos bebês, isso não faz bem a eles, disse-lhe a mãe com os olhos rasos de lágrimas.
--Mas, mamãe, é o meu Gustavo que está lá dentro, sabe-se lá em que estado. Pode estar sofrendo...
--Vai dar tudo certo, querida. Acalme-se.
Nesse momento chega o médico. -- Preciso falar com algum dos familiares do doutor Gustavo.
Lenita, levantou da poltrona, o mais rápido que pode e perguntou:
-- Como está meu marido doutor? Ele está bem, diga a verdade , pelo amor de Deus... Não suporto mais essa aflição.
-- Olha, vou ser bem franco com a senhora, dona Lenita. Ele não está nada bem. Sofreu traumatismo craniano e uma grave lesão na coluna vertebral
_ Fizemos os procedimentos necessários, inclusive cirurgia na coluna vertebral. Afora só nos resta aguardar como ele irá reagir. Por enquanto está dormindo e não sabemos quando, ou se acordará. Não se preocupem quanto aos cuidados. Ele será monitorado por enfermeiros e médicos, vinte e quatro horas por dia.
--Posso vê-lo doutor?
--Por enquanto, melhor não. É muito recente e há o perigo de infecção.
Melhor vocês irem para casa, descansar e tomar um calmante.  Principalmente dona Lenita , no seu estado. Voltem amanhã, quem sabe poderão vê-lo.
 
Capítulo VIII
Chegando em casa, dona Isabel fez Lenita tomar um calmante e ir para a cama. Lenita já caiu na cama dormindo... Estava exausta.
Acordou cedo e mais calma, devido ao calmante. Tomou um café, não por ela, mas pelos bebês, pois não tinha vontade nenhuma de comer.
-- Mamãe, vou ao hospital, você vem comigo?
--Claro, filhinha, não vou deixa-la sair só nesse estado.
E foram para o hospital... Seu Luiz pediu que o mantivessem a par de tudo, pois não poderia abandonar o trabalho mais um dia.
Chegando lá, pediram para falar com o médico responsável por Gustavo. Depois de alguns minutos o médico, que se chamava Daniel apareceu e as cumprimentou.
Lenita foi logo indagando: -- Como está meu marido Doutor?
--Eu poderia enganá-la, mas não vou fazer isso, mas a senhora tem que ser forte... Promete?
--Fale logo doutor, não suporto mais ficar nessa dúvida...
--Pois bem, a verdade é que o seu estado não é nada bom. Ele entrou em coma e não temos ideia de quando irá acordar.
E tem mais, não sabemos ainda se ele, acordando, não ficará paraplégico. Tentamos tudo que estava ao nosso alcance, mas a lesão na coluna era muito grave.
 
Capítulo IX
--Mamãe, está chegando a hora dos bebês nascerem e Gustavo não vai estar presente para me apoiar. Era sua intenção tirar uma licença nos primeiros dias. E agora, mamãe? Estou perdida sem meu Gustavo... O amor de minha vida... O pai de meus filhos!
--Isso não pode estar acontecendo. É um pesadelo. Preciso acordar.
-- Não é pesadelo querida. Está acontecendo e você precisa ser aquela menina forte, que sempre foi. Não vá se entregar agora. Você tem responsabilidades para com seus filhos.
Assim foram passando os dias, que pareciam correr e chegou o dia do nascimento dos gêmeos.
O parto correu muito bem... Os gêmeos eram perfeitos, um mais lindo que o outro. Lenita não parava de admirá-los e tocá-los. Amamentou-os e não deixava que os tirassem de seu lado.
-- Sabe os nomes que vai dar a eles, Lenita? Vocês já haviam escolhido, que eu sei. Só que não queriam contar.
--Seria uma surpresa nossa a você e papai, por isso não contamos. O menino será Luiz Gustavo e a menina, Ana Isabel, O seu nome e o de papai tinham que fazer parte.
 
Capitulo X
Lenita teve alta e foi para a casa dos pais, onde pretendia ficar, enquanto Gustavo não melhorasse. Ela tinha uma fé inabalável, de que ele iria se recuperar.
Durante os próximos, seis meses, Gustavo continuava em coma. Lenita o visitava todos os dias e conversava muito com ele, contando sobre os gêmeos. Já os havia levado até ele, para que vissem o pai, mesmo bebês, ela achava que seria bom para eles irem conhecendo o pai.
Faltava um mês para o Natal e Lenita estava muito triste e desanimada, nem pensava em fazer algo para comemorar essa data tão importante.  Como pensar em festas, presentes, árvore enfeitada, se seu amor, não estaria ali, para acompanhá-la?
E assim seguiu visitando e conversando com Gustavo, sentada à beira de seu leito, segurando sua mão.
Epílogo:
 
Quando faltava uma semana para o Natal, Lenita, como de costume, levantou cedinho, cuidou dos filhos, alimentou-os e depois disse à mãe... –Hoje vou ao hospital pela manhã, estou ansiosa, não sei o que tenho. O coração está acelerado. As crianças estão limpas e alimentadas, é só dar uma olhada nelas.
Lenita dirigiu-se às pressas para o hospital. Foi direto ao quarto de Gustavo, pois nessas alturas ele já tinha sido transferido da UTI para um quarto privativo.
Ao abrir a porta, qual não foi sua surpresa ao ver Gustavo sentado numa poltrona, conversando com a enfermeira. Lenita ficou tonta, quase desmaiou de alegria. Correu a abraçar seu querido esposo, que a beijou com imenso carinho. E perguntou logo : E nossos filhos, amor, onde estão? Como estão? Como são eles? Eram tantas perguntas que deixavam Lenita atordoada e feliz ao mesmo tempo. Ele estava curado... Lembrava de tudo.
Ela chamou a enfermeira para um canto e perguntou? – E as pernas? Ele consegue andar?
A enfermeira sorriu e chamou: Doutor Gustavo, pode vir até nós?
Gustavo levantou-se e caminhou normalmente até elas.
Abraçou a esposa e disse: -- Vamos para casa? Estava só esperando você chegar, para me levar desse lugar Não vejo a hora de conhecer meus filhos e segurá-los junto a meu coração.
Naquele ano, O Natal foi o mais bonito de todos os Natais de Lenita... A família toda reunida. Ela e Gustavo não se largavam.
Estavam mais felizes do que nunca. Deus devolveu-lhes a alegria de viver.
E, assim, Lenita e Gustavo envelheceram juntos, vendo os filhos crescerem e se formarem. Luiz Gustavo quis ser médico como o pai e Maria Isabel, seguiu a carreira da mãe e foram trabalhar juntas, pois o Senhor Luiz já estava aposentado.
Assim termino essa história de amor, dor e superação...
 
Antonia Nery Vanti (Vyrena)
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Antonia NeryVanti (Vyrena)
Enviado por Antonia NeryVanti (Vyrena) em 21/12/2018
Alterado em 05/01/2019
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