Antonia Nery Vanti -  Poeta Vyrena

Lembranças são janelas do passado, que se abrem para o presente.

Textos


Todo cuidado é pouco

Ana  foi sempre uma criança retraída... Fechada em si mesma.
Era a única mulher entre três irmãos homens, quem sabe por isso era assim.
Seu prazer maior era ficar quietinha num canto lendo ou ouvindo música.
Era muito mimada pelos pais e irmãos, que a adoravam.
Na escola, era aplicada, mas não se misturava muito com os colegas, por isso a chamavam de pretenciosa.
Com o passar do tempo, com mais idade foi ficando mais sociável, tinha algumas amigas, mas que teria sido melhor se não as tivesse.
Eram meninas bem pra frente, como elas mesmas se intitulavam.
Viviam, nas redes sociais, tinham namorados virtuais e foram ensinando tudo isso a Ana, que acabou largando as leituras e infiltrando-se nesse meio.
Já não se importava nem mais com a música, que tanto amava.
Tinha centenas de amigos no face-book, e entre esses amigos, apareceu Juanito, que dava em cima de todas as meninas ingênuas como Ana.
Ela logo se perdeu  por seus encantos, e por suas manhas de conquistador.
Passavam horas no Messenger, batendo papo e Ana lhe contava todos os seus segredos, todos os seus desejos.
Isso era um incentivo para o conquistador Juanito, que mentia e iludia Ana, dizendo ser o que não era . Que frequentava a universidade, fazia curso de engenharia e estava quase no final.
Quando acabasse, ele iria trabalhar na firma de engenharia da família. E então eles se casariam e seriam felizes para sempre. Ana acreditava em tudo sem desconfiar das más intenções de Juanito. Nessa altura, ela já estava apaixonada e faria qualquer coisa que ele pedisse.
Nessa época, Ana estava com 16 anos estava quase acabando o ensino médio.  Pretendia cursar a faculdade de Artes.
Seus pais e irmãos, nem desconfiavam do que estava se passando.
Ela fazia tudo às ocultas. Depois que todos iam para seus quartos, ela pegava o celular, fechava-se no quarto e se entregava ao romance com Juanito.
Vivia sonhando em encontrar o rapaz ao vivo, para poder senti-lo, e fazer no real que faziam ali.  
O tempo foi passando e Ana continuava enganando os pais,
cada vez mais apaixonada por Juanito.
Até que um dia, para surpresa e felicidade da incauta Ana, o rapaz, decidiu marcar um encontro... mas teria que ser num local onde ninguém os visse.
Ana, nem pensou:
--Mas é claro, meu amor. Onde quiseres e quando quiseres.
-- Sou a mulher mais feliz do mundo, só em pensar que vou poder te conhecer ao vivo.
-- Eu também, minha flor, não vejo a hora.
-- Não entendo por que demorei tanto para te fazer esse pedido... Sou um babaca, mesmo.
-- Vamos marcar para a próxima quarta-feira lá pelas quinze horas. Diz que vai para a aula, mas vem se encontrar comigo. Vou te dar o endereço.
-- Anota aí...
-- Ok, amor, já estou com papel e caneta na mão... Pode dizer.
Ele lhe deu o endereço de uma casa no subúrbio, que disse ser de seus pais, que só muito raramente iam lá.
-- Não tem muito conforto, mas para uma tarde de amor, vai ser ótima.  Aguardo você, lá pelas 15 horas.
-- Ah... Não vejo a hora, Juanito.
-- Nem eu... rssss.
Ana continha a ansiedade para que esse dia chegasse logo e ela conhecesse o Juanito em carne e osso.
Quando chegou o dia marcado, Ana aprontou-se para o encontro, com seu melhor e mais bonito vestido. Fez de tudo para parecer o mais bonita possível.
Ao sair, sua mãe perguntou, sorrindo
-- Pra que isso, minha filha, vai à escola ou a alguma festa?
-- Ah... mãe, hoje vai ter uma festinha na nossa turma, não quero estar diferente de minha colegas.
Nem eram 14 horas, chamou um taxi e foi para o local do encontro. Pretendia chegar antes e esperar por Juanito no local, fazendo-lhe uma surpresa.
Quando chegou, viu que estava, tudo fechado, com exceção de uma janela. Ela se dirigiu para ali, pé, ante pé e espiou para o interior. Ouviu conversas e risadas lá dentro.
O quarto estava cheio de grandes caixas lacradas.
Ela ouviu a voz de alguém que dizia:
-- Você é doido Juanito? Convidar essa garota, logo hoje, que chegou a mercadoria, para vir te encontrar aqui?
-- Encontrar-me, não, queridos, encontrar a nós três... Hoje é o dia em que vamos nos divertir à bessa com essa sonsa.
Ela pensa que estou apaixonado... kkkkk.  Logo eu?
-- Vão logo esconder as caixas. Não demora ela chega e não pode ver nada daquilo. É naquele quarto que vamos nos aproveitar da tolinha.
Ana ficou atordoada, Tremia, que nem vara verde. Deu meia volta e correu para a rua, em busca de um ônibus para sair dali o mais depressa possível.
Mas não foi direto para casa, ficou andando meio que sem rumo, até chegar a hora de voltar pra casa.
À noite, Juanito a chamou no Messenger. Ela fingiu tranquilidade e se desculpou, dizendo que não compareceu ao
encontro, porque sua mãe ficou doente.
Juanito não gostou de ser passado para trás e disse que estava tudo acabado entre eles. Era isso que Anna queria... Ficou até feliz , por ser ele a terminar.
Passados alguns dias, seus pais estavam na sala, assistindo as notícias da TV, quando Ana entrou e ouviu algo que quase a fez desmaiar:
O repórter dizia o seguinte:
-- Hoje, finalmente foi desmantelada a quadrilha de traficantes de armas e drogas, comandadas, pelo marginal, João Ávila, mais conhecido por Juanito. O material foi encontrado escondido numa casa abandonada , no subúrbio enquanto os marginais dormiam tranquilamente no quarto ao lado.
-- Vejam o rosto dos bandidos. E mostraram as fotos, entre elas a de Juanito.
Anna, pensou consigo mesma: -- Dessa me livrei... Messenger com desconhecidos, nunca mais.
-- Obrigada, meu Deus, por ter me livrado da armadilha de Juanito ou seja lá quem for o safado.

Antonia Nery Vanti (Vyrena)

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Antonia NeryVanti (Vyrena)
Enviado por Antonia NeryVanti (Vyrena) em 21/12/2018
Alterado em 29/07/2020
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